Se hoje fosse seu último dia de vida, como você o passaria? Encarar a morte é um remédio amargo, mas a maioria de nós poderia provar uma colher bem cheia dele. A maioria de nós pode se beneficiar de uma lembrança de morte. Você não quer uma, nem gosto de dar uma, mas precisamos saber disto: hoje estamos um dia mais próximos da morte do que estávamos ontem.
Se hoje fosse seu último dia, você faria o que está fazendo? Ou você amaria mais, doaria mais, perdoaria mais? Então faça isso! Perdoe e doe como se fosse sua última oportunidade. Ame como se não houvesse ama-nhã, e se houver um amanhã, ame novamente.
Serviço para os dias de decisões difíceis
DAN MAZUR CONSIDERAVA-SE UM HOMEM DE SORTE. A MAIOR parte das pessoas o teria considerado louco. Ele estava a uma caminhada de duas horas do cimo do monte Everest, a trezentos metros da realização do sonho de uma vida inteira.
Todos os anos, os aventureiros em melhor forma da Terra voltam sua atenção para o pico de mais de 8.800 metros. Todos os anos alguns morrem nessa tentativa. O cimo do Everest é conhecido por sua total falta de hospitalidade. Alpinistas chamam a região acima dos 7.900 metros de
"zona da morte".
As temperaturas caem e ficam abaixo de zero. Tempestades de neve tiram quase toda a visão. A atmosfera é rala em oxigênio. Cadáveres pontuam o cimo da montanha. Um alpinista britânico morrera dez dias antes da tentativa de Mazur. Quarenta alpinistas que poderiam ter ajudado escolheram não o fazer. Eles passaram por ele no caminho para o cimo.
O Everest pode ser cruel.
Ainda assim, Mazur se sentia com sorte. Ele e dois colegas já avistavam o cimo do monte Everest. Anos de planejamento. Seis semanas de escalada, e, agora, às 7h30min da manhã do dia 25 de maio de 2006, o ar estava parado, o sol da manhã brilhava, a energia e as expectativas estavam nas alturas.
Foi aí que um brilho amarelo chamou a atenção de Mazur: um pedaço de tecido amarelo no cimo da colina. Primeiro, ele pensou que fosse uma barraca. Logo ele viu que era uma pessoa, um homem precariamente empoleirado em uma rocha pontiaguda de 2.400. Estava sem luvas, de jaqueta aberta, mãos de fora, peito nu. A privação de oxigênio pode inchar o cérebro e causar alucinações. Mazur sabia que o homem não tinha a menor idéia de onde estava, então andou em sua direção e o chamou.
— Você pode me dizer seu nome?
— Sim — respondeu o homem, parecendo contente — eu posso.
Meu nome é Lincoln Hall.Mazur ficou chocado. Ele reconheceu aquele nome. Doze horas antes ele ouvira a notícia no rádio: "Lincoln Hall está morto na montanha. A equipe dele abandonou o corpo na subida."
E, no entanto, depois de passar a noite no frio de menos vinte graus e com pouco oxigênio, Lincoln Hall ainda estava vivo. Mazur estava cara a cara com um milagre.
Ele também estava cara a cara com uma escolha. Uma tentativa de resgate oferecia sérios riscos. A descida já era traiçoeira, ainda mais com o peso morto de um homem à beira da morte. Além do mais, quanto tempo mais Hall sobreviveria? Ninguém sabia. Os três alpinistas poderiam sacrificar seu Everest à toa. Eles tinham de escolher: abandonar o sonho deles ou abandonar Lincoln Hall.
Eles escolheram abandonar o sonho deles. Os três deram as costas para o pico e desceram lentamente a montanha.
A decisão deles de salvar Lincoln Hall apresenta uma grande questão. Nós faríamos o mesmo? Deixaríamos a ambição de lado para salvar outra pessoa? Deixaríamos nossos sonhos de lado para resgatar outro alpinista? Daríamos as costas aos nossos cimos das montanhas pessoais para que talvez outra pessoa pudesse viver?
Todos os dias, tomamos decisões difíceis como essa. Não no
Everest com aventureiros, mas em lares com cônjuges e filhos, no trabalho com colegas, nas escolas com amigos, nas igrejas com irmãos de fé. Regularmente nos deparamos com decisões sutis, mas relevantes, e todas elas caem na categoria de quem vem primeiro: eles ou eu?
Quando um pai escolhe a melhor escola para os filhos, em vez de uma boa oportunidade para a carreira que envolva transferência de cidade.Quando o aluno almoça com os colegas negligenciados, em vez de com os legais.
Quando a filha crescida passa seus dias de folga com sua mãe idosa na unidade psiquiátrica.
Você, quando vira as costas a sonhos pessoais em prol de outros, está, nas palavras de Cristo, negando-se a si mesmo. "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24).Eis o ingrediente mais surpreendente de um grande dia: autonegação.
Nós não imaginamos que o contrário é verdade? Grandes dias emergem do solo da auto-indulgência, da auto-expressão e auto celebração. Então, mime-se, dê-se a um luxo e promova-se. Mas se negar? Quando foi a última vez que você viu este anúncio: "Vá em frente. Negue-se e divirta-se muito!"?
Jesus poderia ter escrito essas palavras. Ele, muitas vezes, dá uma de contracultura, chamando-nos para baixo em vez de para cima, dizendo-nos para fazer algo quando a sociedade nos fala para fazer o contrário.
Na economia dele,os menores são os maiores (Lucas 9:48);os últimos serão os primeiros (Marcos 9:35);os lugares de honra são os preteridos (Lucas 14:8-9).
Ele nos manda honrar aos outros mais do que a nós mesmos (Romanos 12:10);considerar os outros superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3);oferecer a outra face, dar nossas capas, andar a segunda milha (Mateus 5:39-41).
Essa última instrução certamente atingiu um nervo exposto na psique judaica. "Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas" (Mateus 5:41). Os concidadãos de Jesus viviam sob domínio estrangeiro. Soldados romanos impunham altos impostos e leis opressoras. Essa triste situação existia desde que os babilônios destruíram o templo em 586 a.C. e levaram os judeus ao cativeiro. Embora alguns tivessem retornado do exílio geográfico, o exílio teológico e o político permaneceram. Os judeus do século I atravessavam um pântano com séculos de existência: oprimidos por pagãos, procurando o Messias para libertá-los.
Alguns responderam a isso se vendendo, usando o sistema para benefício próprio. Outros escaparam. Os escritores dos Manuscritos do mar Morto, em Cunrã, escolheram se isolar do mundo perverso. Outros ainda decidiram revidar. A opção zelote era clara: ore, afie sua espada e lute uma guerra santa. Três opções: se vender, escapar ou revidar.Jesus apresentou uma quarta. Servir. Servir àqueles que o odeiam; perdoar aqueles que o machucaram. Tome o último lugar, não o mais alto; procure servir, e não ser servido. Retalie, não na mesma moeda, mas em bondade. Ele criou o que podemos chamar de Sociedade da Segunda Milha.
Os soldados romanos podiam legalmente coagir cidadãos judeus a carregar suas cargas por uma milha. Com nada mais do que um comando, eles podiam requisitar que um fazendeiro saísse de seu campo ou um comerciante abandonasse sua loja.Em tal caso, Jesus disse: "Dê mais do que lhe é pedido." Ande duas milhas. Ao fim de uma milha, continue andando. Faça cair o queixo do soldado, dizendo: "Ainda não fiz o bastante por você. Vou andar uma segunda milha." Faça mais do que é exigido. E o faça com alegria e graça!
A Sociedade da Segunda Milha ainda existe. Seus membros abandonam ambições do tamanho de um Everest para poder ajudar a salvar alpinistas fatigados.
Nós temos um servo da Sociedade da Segunda Milha na nossa igreja. De profissão, ele é arquiteto. De paixão, servo, Ele chega cerca de uma hora antes de cada culto e faz suas rondas nos banheiros masculinos.
Ele limpa as pias, os espelhos, verifica os vasos e pega o papel do chão. Ninguém pediu para ele fazer isso; muito poucas pessoas sabem que ele faz isso. Ele não conta a ninguém e não pede nada em retorno. Ele pertence à Sociedade da Segunda Milha.
Outra serva dessa sociedade serve em nosso ministério infantil. Ela faz peças artesanais e brindes para crianças de quatro anos. No entanto, completar as peças artesanais não é o bastante. Ela tem de dar um toque de segunda milha. Quando uma aula seguiu o tema "seguir os passos de Jesus", ela fez biscoitos no formato de pés e, à moda da segunda milha, pintou unhas em cada biscoito. Quem faz uma coisa dessas?
Os membros da Sociedade da Segunda Milha fazem essas coisas.
Eles limpam banheiros, decoram biscoitos e Constroem salas de brinquedos em suas casas. Pelo menos, Bob e Elsie construíram. Eles construíram uma piscina interna, compraram uma mesa de pingue-pongue e uma de futebol totó. Eles criaram um paraíso infantil.
Não é tão incomum, você diz? Oh, esqueci-me de mencionar a idade deles. Eles fizeram isso com seus setenta anos. Eles fizeram isso porque adoravam a juventude solitária do centro da cidade de Miami. Bob não nadava. Elsie não jogava pingue-pongue. Mas os filhos de imigrantes cubanos nadavam e jogavam pingue-pongue. E Bob podia ser visto toda semana dirigindo seu Cadillac através de Little Havana, buscando os adolescentes que outras pessoas esqueceram.
A Sociedade da Segunda Milha. Deixe-me dizer-lhe como achar os membros dela. Eles não usam distintivos nem uniformes; eles usam sorrisos. Eles descobriram o segredo. A alegria está no esforço extra. A mais doce satisfação não está em escalar seu próprio Everest, mas em ajudar os outros alpinistas a chegar lá.
Os membros da Sociedade da Segunda Milha lêem esta afirmação:
"Há maior felicidade em dar do que em receber" (Atos 20:35) e concordam com um balançar de cabeça. Quando eles escutam a instrução
"quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará" (Mateus 10:39), eles compreendem. Eles descobriram
Esta verdade: "quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará" (Lucas 9:24).
A recompensa verdadeira está na base do poste da segunda milha.
Pense assim. Imagine-se com doze anos tendo de encarar uma pia cheia de pratos sujos. Você não quer lavá-los. Você preferiria brincar com seus amigos ou assistir à televisão. Mas sua mãe deixou bem claro: lave os pratos.
Você resmunga, murmura e imagina como seria se fosse posto para adoção. E, depois, sabe-se lá de onde, uma idéia louca passa pela sua cabeça. E se você surpreender sua mãe lavando não só os pratos, mas também a cozinha inteira? Você começa a sorrir.
"Vou varrer o chão e limpar os armários. Talvez reorganizar a geladeira!" E de alguma fonte desconhecida surge uma enorme dose de energia, um ataque de produtividade. Uma tarefa tediosa se torna uma aventura. Por quê? Libertação! Você passou de escravo a voluntário.Essa é a alegria da segunda milha.
Você a encontrou? Seu dia se move com a velocidade de uma massa de gelo flutuante e com a emoção de um torneio. Você faz o que é necessário — problema de matemática e um capítulo de literatura —, mas não mais que isso. Você faz tudo certo, é digno de confiança e, muito possivelmente, está entediado. Você sonha com a sexta-feira, os feriados, uma família ou um emprego diferente, quando talvez tudo o de que você precisa é de uma atitude diferente. Dê uma chance ao seu dia.
Faça diariamente uma ação pela qual você não pode ser recompensado.
Nos dias finais da vida de Jesus, ele dividiu uma refeição com seus amigos Lázaro, Marta e Maria. Dentro de uma semana, ele sentiria a pontada do chicote romano, os espinhos da coroa de espinhos e o ferro do prego do carrasco. Mas naquela noite, ele sentiu o amor de três amigos. Para Maria, no entanto, dar o jantar não era o suficiente. "Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância do perfume" (João 12:3).
Os adeptos de apenas uma milha no grupo, como Judas, criticaram a ação como um desperdício. Não Jesus. Ele recebeu a ação como uma demonstração extravagante de amor, uma amiga entregando seu dom mais precioso. Enquanto estava pendurado na cruz, podemos nos perguntar, Jesus detectou a fragrância em sua pele?
Siga o exemplo de Maria.
Há um idoso na sua comunidade que acabou de perder a esposa. Uma hora do seu tempo representaria muito para ele. Algumas crianças na sua cidade não têm pai. Não há um pai que as leve ao cinema ou ao estádio de futebol. Talvez você possa fazer isso. Eles não podem retribuir. Eles não têm nem dinheiro para a pipoca ou para o refrigerante. Mas eles abrirão um largo sorriso graças a sua bondade. Ou que tal essa? No final do corredor do seu quarto tem uma pessoa com o mesmo sobrenome que você. Choque essa pessoa com bondade. Algo ridículo. Seu trabalho de casa feito sem reclamações. Café na cama antes de ele acordar. Uma carta de amor escrita para ela sem nenhuma razão especial. Sem motivo, simplesmente por fazer.
Quer recuperar seu dia das garras do tédio? Faça ações mais do que generosas, atos que não podem ser retribuídos. Bondade sem compensação. Faça algo pelo qual você não poderá ser pago. Aqui está outra idéia. Passe por cima de si. Moisés passou. Um dos primeiros líderes do mundo era "um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra" (Números 1 2,:3).
Maria passou. Quando Jesus chamou o útero dela de lar, ela não se gabou; ela simplesmente confessou: "Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra" (Lucas 1:38).
João Batista passou. Embora parente de sangue de Deus na Terra, fez esta escolha: "E necessário que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30).
Acima de tudo, Jesus passou. "[Jesus] por um pouco foi feito menor do que os anjos" (Hebreus 2:9).Jesus escolheu o lugar dos servos. E nós não podemos também escolher esse mesmo lugar?Somos importantes, mas não essenciais; valiosos, mas não indispensáveis. Temos um papel na peça, mas não somos ator principal.
Uma canção para cantar, mas não a voz especial.
Deus o é
Ele fez o bem antes de nascermos; e fará o bem também depois de nossa morte. Ele começou tudo, sustenta tudo e levará tudo a um glorioso ápice. Nesse meio-tempo, nós temos este alto privilégio: abrir mão dos Everests pessoais, descobrir a emoção da distância dobrada, fazer ações pelas quais não podemos ser pagos, procurar problemas que outros evitam, negar-nos, tomar nossa cruz e seguir a Cristo.
Lincoln Hall sobreviveu à viagem de descida do monte Everest.
Graças a Dan Mazur, ele sobreviveu para se juntar a esposa e aos filhos na Nova Zelândia. Um repórter de tele visão perguntou à esposa de Lincoln o que ela pensava dos salvadores, os homens, que abriram mão de seus ápices para salvar a vida de seu marido
Ela tentou responder, mas as palavras lhe faltaram. Vários momentos depois, e com os olhos marejados, ela declarou: "Bem, ha um ser humano maravilhoso. E, também os outros que estavam com ele. O mundo precisa de mais gente assim.
Que sejamos contados entre eles.
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